A crescente onda de crimes contra investidores de criptomoedas já ultrapassou o campo das análises técnicas e se tornou pauta frequente na mídia.
Ataques que envolvem sequestros e coerção, onde criminosos forçam vítimas a transferirem seus ativos digitais, vêm ocorrendo com maior frequência, revelando riscos que extrapolam o ambiente virtual.
Casos reais que chamaram a atenção
Nos últimos anos, vários episódios de violência ligados ao mercado de criptoativos ganharam repercussão na mídia internacional. Em 2024, na Holanda, um homem foi vítima de uma invasão violenta em sua residência na cidade de Amsterdã, onde criminosos armados o forçaram a fornecer acesso à sua carteira digital.
Na América Latina, a Argentina e o Brasil registraram aumento em ataques desse tipo. Em Buenos Aires, no início de 2025, um empresário do setor de ativos digitais foi sequestrado e liberado apenas após pagar um resgate em criptomoedas.
No Brasil, em junho de 2024, um médico de Campinas foi atraído por um “golpe do amor” e sequestrado na zona norte de São Paulo, na região da Brasilândia. Durante o cativeiro, foi forçado a transferir cerca de R$ 500 mil em criptomoedas aos criminosos.
Esses exemplos demonstram que os criminosos já compreendem o funcionamento das wallets e sabem como pressionar as vítimas para que forneçam senhas ou assinem transações sob coação.
Na Kamoney, usar cripto é fácil e seguro.
Por que os investidores cripto se tornaram alvos?
O perfil de quem mantém moedas digitais atrai os criminosos por vários motivos. Primeiramente, pela possibilidade de transportar milhões em ativos com apenas uma seed phrase anotada em papel. Além disso, a crença equivocada de que todo usuário de criptomoedas é “rico” ou detém patrimônio oculto. Outro ponto é a crescente exposição pública de investidores em redes sociais, que facilita a identificação de potenciais vítimas.
Outro fator relevante é a cultura da autocustódia, que dá ao usuário total controle sobre seus ativos. Esse modelo oferece mais liberdade, mas também exige cuidados adicionais. Sem a intermediação de bancos ou corretoras, torna-se mais difícil rastrear transações ou cancelá-las em situações de coação, o que reforça a importância de medidas extras de segurança.
Como a comunidade cripto pode reagir
A solução para esse problema é complexa, mas existem caminhos viáveis. O primeiro passo é reforçar a educação sobre segurança física, não apenas digital. Usuários devem evitar expor seus patrimônios, especialmente em redes sociais ou eventos públicos. Medidas como o uso de carteiras multisig (assinaturas múltiplas) podem reduzir os riscos.
Além disso, desenvolvedores discutem soluções como a recuperação com delay e mecanismos de emergência que invalidam transações feitas sob coação. Embora ainda adotem essas abordagens com pouca frequência, eles tendem a incorporá-las cada vez mais diante dos desafios de segurança no cenário atual.
Governos e reguladores também precisam considerar a segurança dos cidadãos no debate sobre ativos digitais. Enquanto a regulamentação normalmente foca em tributação e prevenção à lavagem de dinheiro, pouco se discute o impacto da violência física associada.
Combater o crime organizado que utiliza essas tecnologias exige colaboração entre autoridades, plataformas de negociação e a própria comunidade.
Segurança no mundo cripto: uma abordagem integrada
A violência contra detentores de criptomoedas reflete o sucesso e a complexidade do ecossistema digital. À medida que mais pessoas adotam ativos descentralizados, aumentam os riscos relacionados à segurança fora do ambiente online. Ignorar essa realidade pode ser perigoso para todos os envolvidos.
É fundamental ampliar a discussão sobre segurança no universo cripto. Proteger os ativos vai muito além de guardar com cuidado uma seed phrase; envolve também garantir a integridade física e a segurança das pessoas que os possuem. Isso exige uma abordagem integrada, que considere tanto a tecnologia quanto a vida real.