Bandeira da Bolivia.

Stablecoins ganham espaço na Bolívia em meio à crise cambial

A Bolívia vive um momento de transição no setor financeiro. A queda das reservas em dólares e as pressões sobre o boliviano levaram empresas e consumidores a buscar alternativas digitais.

Nesse cenário, as stablecoins, em especial o Tether (USDT), passaram a ganhar espaço como meio de pagamento e ferramenta para transações internacionais.

Contexto econômico e regulação

Até 2024, a Bolívia mantinha restrições severas ao uso de criptomoedas. A flexibilização ocorreu em meio ao declínio das reservas internacionais, em queda contínua desde 2014 e em níveis críticos em 2025.

A falta de liquidez dificultava importações e pressionava a economia. Para enfrentar a crise, o governo flexibilizou regras e autorizou bancos e instituições a operar com ativos digitais. Essa abertura permitiu que o USDT se tornasse uma solução prática em um ambiente marcado pela escassez da moeda americana.

Stablecoins no setor corporativo

Grandes montadoras internacionais foram as primeiras a explorar essa possibilidade. Toyota, Yamaha e BYD passaram a aceitar USDT em concessionárias bolivianas, mostrando que a stablecoin deixou de ser investimento e virou meio de pagamento.

Importadores também passaram a usar o USDT como alternativa. Com a falta de dólares, negociar com fornecedores internacionais em stablecoins tornou-se mais simples e previsível do que no sistema bancário tradicional.

Benefícios do uso de stablecoins

O principal benefício percebido pelas empresas é a proteção cambial. O boliviano sofre pressões constantes, enquanto o USDT, atrelado ao dólar, garante estabilidade. Além disso, transações digitais são muito mais rápidas que transferências bancárias internacionais, que podem levar dias e envolver altas tarifas.

Para empresários e consumidores, a praticidade também é um atrativo. Em concessionárias, cartazes já destacam a facilidade de comprar veículos com dólares digitais, o que aproxima o conceito de stablecoin do cotidiano dos bolivianos.

Suas criptos viram praticidade na Kamoney.

Desafios e riscos

Apesar do avanço, o uso de stablecoins na Bolívia enfrenta obstáculos. A regulação ainda é recente e carece de definições mais claras para garantir segurança jurídica. Questões como prevenção à lavagem de dinheiro e identificação de clientes são fundamentais para evitar abusos.

Outro desafio é a infraestrutura. O uso massivo depende de carteiras digitais seguras e acessíveis, além de plataformas confiáveis para conversão em moeda local. Sem essas garantias, há risco de desconfiança e limitação na adoção em larga escala.

Perspectivas futuras

A tendência é que o uso de stablecoins se expanda para setores como turismo e mercado imobiliário. Ainda não há planos oficiais de moeda digital estatal, mas o governo pode aproveitar essa experiência para avaliar novas integrações entre stablecoins e o sistema bancário.

Se bem regulado, o USDT pode ajudar a Bolívia a enfrentar a escassez de dólares e integrar-se ao ecossistema financeiro global. A experiência atual mostra que, diante da crise, inovação e adaptação são inevitáveis.

Stablecoins: de alternativa emergencial a pilar do futuro financeiro boliviano

A Bolívia transformou a dificuldade em oportunidade. A adoção de stablecoins surge como resposta direta à crise cambial e já se consolida como solução prática no comércio e nas importações.

O país ainda precisa superar desafios regulatórios e técnicos, mas o movimento em direção ao uso de dólares digitais parece irreversível.