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Instituições financeiras planejam nova era com stablecoins do G7

Grandes bancos internacionais estão estudando a emissão de stablecoins com lastro nas principais moedas do G7. O movimento marca um novo capítulo na integração entre o sistema financeiro tradicional e os ativos digitais.

A iniciativa busca combinar a segurança bancária com a eficiência da tecnologia blockchain, mas também levanta questionamentos regulatórios e econômicos.

A proposta dos grandes bancos

Dez instituições financeiras internacionais, entre elas Goldman Sachs, UBS, Citi, Deutsche Bank, Santander e Bank of America, uniram-se em um consórcio para avaliar a criação de stablecoins atreladas a moedas como o dólar, euro, libra e iene. O projeto anunciado na última sexta-feira, 10 de outubro ainda está em fase exploratória, sem data de lançamento definida.

O objetivo é criar um sistema de ativos digitais com paridade de 1:1 com as moedas tradicionais do G7, mantendo reservas auditáveis e sob supervisão regulatória. A iniciativa visa facilitar transações internacionais, reduzir custos operacionais e oferecer liquidez imediata entre instituições financeiras. Além disso, os bancos esperam testar novos modelos de tokenização e liquidação em blockchain, fortalecendo sua posição no mercado digital.

Motivações por trás do projeto

O interesse dos bancos em stablecoins não é recente, mas ganhou força com o avanço da regulação global e o crescimento do mercado de ativos estáveis. Hoje, stablecoins como USDT e USDC movimentam centenas de bilhões de dólares diariamente, tornando-se instrumentos centrais para liquidação de operações e remessas internacionais.

Com a emissão própria, os bancos pretendem recuperar protagonismo diante do domínio de emissores privados e fintechs. A criação de uma stablecoin institucional também permitiria maior controle sobre o fluxo financeiro digital, com garantias de transparência e conformidade regulatória. Em outras palavras, trata-se de um esforço para trazer a tecnologia cripto para dentro do sistema financeiro tradicional, em vez de competir com ela.

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Desafios regulatórios e riscos envolvidos

Apesar do entusiasmo, a proposta enfrenta obstáculos consideráveis. Especialistas apontam que a emissão de stablecoins por bancos internacionais exigirá coordenação entre diferentes jurisdições e bancos centrais. Cada moeda do G7 possui regras próprias sobre política monetária, reserva e supervisão financeira.

Há também o desafio da confiança. O colapso de stablecoins como a TerraUSD em 2022 mostrou o impacto que a falta de lastro transparente pode causar. Para evitar riscos sistêmicos, as instituições precisarão comprovar a solidez de suas reservas e manter auditorias constantes. O Banco de Compensações Internacionais (BIS) já alertou que stablecoins privadas mal reguladas podem afetar a estabilidade financeira global.

Outro ponto sensível é o relacionamento com as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Alguns analistas avaliam que a coexistência entre stablecoins bancárias e CBDCs pode gerar sobreposição de funções, enquanto outros enxergam sinergias na infraestrutura de pagamentos digitais.

Potenciais impactos no sistema financeiro global

Caso o projeto avance, os efeitos podem ser amplos. A emissão de stablecoins por grandes bancos tende a acelerar a integração entre finanças tradicionais e blockchain, aumentando a eficiência em pagamentos internacionais e liquidações instantâneas. Essa mudança pode reduzir custos e ampliar a competitividade global entre instituições financeiras.

Além disso, a presença de stablecoins lastreadas em diferentes moedas do G7 pode reconfigurar fluxos de capital e desafiar a atual hegemonia do dólar no ambiente digital. Também é possível que novas parcerias entre bancos e empresas de tecnologia surjam, impulsionando soluções de tokenização de ativos e infraestrutura de pagamentos baseadas em blockchain.

O que esperar daqui para frente

Por enquanto, o consórcio de bancos mantém o projeto em fase de estudo, em diálogo com reguladores e supervisores financeiros. A expectativa é que os testes iniciais ocorram de forma restrita, em ambientes controlados. Se aprovadas, as stablecoins bancárias poderão representar um avanço significativo na digitalização do dinheiro e no fortalecimento da confiança institucional no uso da blockchain.

O sucesso, porém, dependerá de fatores cruciais: clareza regulatória, transparência nas reservas e aceitação pelo mercado.